No fim da história do caso Cingapura 2008, Flavio Briatore terminou como o "vilão", e a Renault tomou uma punição para inglês ver. No julgamento do Conselho Mundial da FIA em Paris, nesta segunda-feira (21), o ex-chefe da equipe francesa foi banido da F1 por ter planejado o acidente proposital de Nelsinho Piquet na prova asiática da temporada passada, para beneficiar Fernando Alonso, que venceu a etapa.
Pat Symonds, que também foi um dos mentores intelectuais da farsa, foi suspenso por cinco anos da categoria. Já o time gaulês foi suspenso por dois anos, mas a sanção só vai ser executada se a escuderia cometer outra grave irregularidade. Resumindo, saiu ilesa.O julgamento do Conselho foi rápido: em pouco mais de uma hora e meia, os 26 membros da casa, que representa a instância máxima da FIA, ouviram os depoimentos referentes ao caso — que, recapitulando, envolveu a batida de Piquet na 14ª volta da prova em Cingapura no ano passado para ajudar Fernando Alonso, que já havia feito seu pit-stop, provocando a entrada do safety-car. O espanhol conseguiu a vitória do GP inaugural do país.
O episódio foi tornado público durante o GP da Bélgica, quando o jornalista Reginaldo Leme — colunista do Grande Prêmio e comentarista da Rede Globo — revelou que uma investigação sobre o acidente de Nelsinho estava em andamento.
O episódio foi tornado público durante o GP da Bélgica, quando o jornalista Reginaldo Leme — colunista do Grande Prêmio e comentarista da Rede Globo — revelou que uma investigação sobre o acidente de Nelsinho estava em andamento.
Nos dias seguintes, dois depoimentos do brasileiro à FIA vazaram na imprensa, em que ele admitiu ter causado o acidente de forma deliberada devido a um pedido feito por Briatore e Symonds, como forma de tentar garantir seu futuro na Renault.Primeiramente, a escuderia gaulesa informou que estava processando tanto Nelsinho quanto seu pai Nelson Piquet na França e na Inglaterra por conta de alegações ilegais. Entretanto, na semana passada, a Renault emitiu um comunicado em que anunciou as saídas de Briatore e Symonds, e também que não contestaria as acusações do brasileiro.
Por isso, a FIA decidiu aplicar uma expulsão da F1 por dois anos, aplicável apenas se o time cometer novo ato ilegal.O presidente do time da montadora, Bernard Rey, falou com a imprensa logo após o julgamento. "Nós nos desculpamos em frente ao Conselho Mundial. Aceitamos a total responsabilidade, e esperamos ter dias melhores no futuro", disse o dirigente, que se recusou a responder às perguntas questionando a permanência da Renault na F1, colocada em xeque pelo ex-piloto e atual comentarista Martin Brundle.
Se a Renault deixou o tribunal do Conselho aliviada por ter saído praticamente ilesa, o mesmo não se pode dizer de Flavio Briatore — que não esteve em Paris. O italiano foi banido da F1 para sempre e, além disso, está proibido de comparecer em eventos organizados pela FIA nas áreas de jurisdição da federação — a saber, paddocks e bastidores. Além disso, ele não pode mais ter nenhum envolvimento com o esporte a motor, e os pilotos que o tiverem como empresário não terão direito à superlicença. Atualmente, Mark Webber, Heikki Kovalainen e Romain Grosjean, além de Nelsinho, têm o italiano como representante.
O presidente da FIA, Max Mosley, falou sobre a sentença dada à Renault — que, de acordo com o julgamento, cometeu um ato de "severidade sem paralelos" na F1. "Nós demos a punição porque a equipe demonstrou que não teve responsabilidade no caso, e muito menos a empresa Renault. E, para Briatore, a pena foi de não poder mais se comprometer com as categorias da FIA." Sobre Alonso, o dirigente garantiu que o espanhol foi prestativo durante seu comparecimento no Conselho. "Ele respondeu a todas as perguntas e demonstrou não ter nenhuma responsabilidade no caso", declarou Mosley.
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