10.5.09

Barrichello ameaça deixar a F-1


Rubens Barrichello terminou a corrida deste domingo (10) em Barcelona, distribuiu sorrisos amarelos, cumpriu os cronogramas da F1 e logo se enfiou no motorhome da Brawn. Tinha muito a ouvir para sua dúvida única, a da mudança da estratégia de Jenson Button que premiou o inglês, e não o brasileiro, líder da primeira parte do GP da Espanha. Ficou três horas reunido com a equipe.

Barrichello detalhou à repórter Tatiana Cunha, da "Folha de S. Paulo", e ao repórter Felipe Motta, da rádio Jovem Pan, que nem seu engenheiro soube da alteração do esquema de corrida de Button. Só depois de sua aplicação é que tomou conhecimento. "Acho que essa semana vai rolar um monte de polêmica sobre isso", previu Rubens. "Na F1, você não pode esperar favor. Não vou para a próxima corrida esperando isso."



Desfavorecido, não achou a atitude da Brawn legal. "Não foi do jeito que a gente pensava que fosse num fim de semana em que todo meu set-up era bom", disse Barrichello. "O Jenson copiou o set-up, eu larguei melhor, eu fiz o negócio ir, e no fim nao tive os pontos que gostaria que tivesse. Eu tinha certeza que ganhar a corrida era óbvio."

Barrichello resgatou o discurso à la Policarpo Quaresma, personagem ultranacionalista de Lima Barreto. "Isso vai montando aquela pressãozinha de um brasileiro que quer mostrar bem para o Brasil. Quero que o Brasil entenda a situação, mais do que qualquer outro piloto, eu sou brasileiro. Eu preciso de torcida. Só vou conseguir esse campeonato na raça."

Rubens voltou a citar o país por conta da atração do seu nome a conflitos — vide a última na semana passada, em respeito à declaração de Hortência — para então explicar a via-crucis. "Eu posso dizer que eu não tenho idéia do porquê que o Rubinho é polemizado no Brasil", disse o próprio, "mas eu saí do carro ciente de que aquilo era polêmica e tentei manter a calma perante todos os problemas."

O piloto contou que adentrou os pits da Brawn para falar ao chefe "exatamente o que eu queria falar, que era: se ele fez alguma coisa para que o Jenson vencesse a corrida, eu pendurava minhas chuteiras e ia para casa". "'Não preciso disso, sou melhor que isso', foi o que eu falei para ele. E a resposta dele foi bem clara: ele ganhou por coincidência."

Em linhas gerais, a situação foi a seguinte: a Brawn sabia que Barrichello conseguiria fazer sua parada inicial e voltar à frente de Nico Rosberg, da Williams. O mesmo não aconteceria com Button. Temendo que o inglês ficasse preso e pudesse arriscar seu segundo lugar com o avanço de Felipe Massa e das duas Red Bull de Sebastian Vettel e Mark Webber, o time mudou a estratégia de Jenson. "A partir daí, se encaixa ou não, sou um piloto da equipe", comentou Barrichello. "Eu agradeço o momento de estar guiando um carro competitivo, acho que a corrida era minha, não foi. O time acha que foi pura coincidência, e é dessa maneira que saio daqui com a cabeça erguida."

Barrichello também expôs que, por ter parado uma volta depois de Button, queria ter sido avisado da mudança. "Eu não tive escolha. Eu teria uma volta para poder decidir se eu queria ou não fazer as duas paradas. Não foi cogitado em nenhuma reunião fazer duas paradas", finalizou.


Fonte: grande premio

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