Tenho ouvido, e lido, muita gente criticar Ross Brawn por ter “destruído” a sua equipe, depois de apenas um ano de vida e ter conquistado, com méritos, os dois títulos que disputou, de pilotos e construtores, contra todas as indicações.
Brawn assumiu oficialmente a equipe da Honda apenas dia 5 de março. Com um carro bastante eficiente, veloz, constante e quase inquebrável, dominou a maior parte da temporada. Agora no final, no entanto, depois de Jenson Button ser campeão em Interlagos e Rubens Barrichello ser decisivo para o time vencer o Mundial de Construtores, a Brawn GP começou a se desfazer.
O primeiro a sair foi Rubens Barrichello. Dia 2 de novembro a Williams o anunciou como seu piloto. Dia 18, quarta-feira passada, foi a vez de a McLaren informar, surpreendentemente, que Button será o companheiro de Lewis Hamilton em 2010. Mas dois dias antes, segunda-feira, Ross Brawn chamou a imprensa para informar ter vendido 75,1% da escuderia para a Mercedes.Em resumo, a Brawn GP deixou de existir. Até no nome. Agora é Mercedes GP.
Os que acreditam que Ross Brawn teve prazer em mudar tudo o que tanto lutou para construir - e ficou a sua cara - podem começar a rever seu ponto de vista. Hoje, sexta-feira, conversei com dois profissionais da organização, um que saiu também e outro que permanece lá, e o que eles me disseram vai frontalmente contra essa idéia de que o engenheiro inglês pensou apenas em dinheiro, como alguns comentam.
Ross Brawn não tinha outra alternativa. Para ser bem objetivo: não dispunha de orçamento para disputar o próximo Mundial. Este ano, a Honda depositou na conta da Brawn GP US$ 150 milhões. É um dado que Ross Brawn confirmou. E apesar dos títulos, a Brawn GP não conseguiu um patrocinador principal para 2010. E com os contratos de investidores que possui não haveria como concorrer com possibilidades de poder repetir os resultados extraordinários deste ano.
“Salvei a equipe”, afirmou Ross Brawn aos jornalistas, segunda-feira. A mais pura verdade, segundo o que me contaram esses dois profissionais com quem conversei, um deles longamente, hoje. “A Mercedes representa a garantia de a nossa estrutura prosseguir na Fórmula 1”, falou Ross Brawn.
Quanto a Rubinho, Ross lhe havia dito estar negociando com a Mercedes e se o negócio saísse eles iriam levar o Nico Rosberg para lá.
E no que diz respeito a Button, Ross Brawn não envolveu diretamente a Mercedes nas conversas, em princípio, e foi surpreendido pelo piloto, que se sentiu traído, depois de abrir mão de muita coisa para competir no time e, segundo a minha fonte, “não reconhecerem nada do que fez, como abrir mão de um bom dinheiro, a dedicação extrema ao grupo e a conquista nada desprezível do Mundial”.
Ross Brawn ficou um pouco mais rico, é verdade, com a venda da Brawn GP, mas se pudesse, pelo que o conheço através da convivência de 20 anos nos autódromos, ainda que em geral breve, e do que me dizem profissionais mais próximos a ele, preferiria, com certeza, prosseguir com seu projeto próprio de equipe, sem ter de dividir a administração como terá de fazer com a Mercedes.
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